Durante quase três meses, tive a oportunidade de vivenciar o cotidiano de uma família típica em Biougra, e em Marrakech, mergulhei na atmosfera de uma cidade turística repleta de marcos culturais.
Antes de decidir me tornar voluntária no Marrocos, já sabia que essa seria uma experiência única. O país oferece diversas cidades turísticas e atrações naturais variadas, como praias, montanhas, rios, cachoeiras e o deserto. No entanto, o que não estava previsto era meu amor pela culinária local e a oportunidade de conhecer pessoas incrivelmente acolhedoras.
Sendo um país de maioria muçulmana, era natural ter algum receio em relação ao assédio, mas percebi que esse temor se desfaz quando se está disposto a respeitar a cultura e religião do local que está visitando.
O mais essencial é se entregar ao voluntariado e valorizar o que realmente importa, que é a chance de estar no Marrocos, compartilhando experiências diárias enquanto se oferece ajuda.
E, sem dúvida, uma experiência de voluntariado na África pode enriquecer significativamente sua vivência em um país específico.
Após morar quase três meses no Marrocos, descobri diversas lições valiosas:
1. Valorização da Experiência
Independentemente do seu nível de formação, ao se voluntariar em uma organização ou albergue, você será recebido com carinho e gratidão. Os voluntários são apreciados não apenas pelo trabalho que desempenham, mas, acima de tudo, pelo tempo e conhecimento que dedicam.
Os marroquinos adoram discutir as tradições locais e aprender sobre novas culturas, tornando as conversas e os roteiros para explorar lugares incríveis uma constante.
2. Anfitriões por Natureza
Ao fazer trabalho voluntário no Marrocos, é praticamente certo que você será convidado a visitar a família de alguém que conheceu durante sua experiência, e, é claro, compartilhar uma refeição com eles. Isso é uma maneira de expressar gratidão pelo serviço prestado à comunidade local, seja em trabalho social ou simplesmente por empatia.
Os marroquinos gostam de interagir com outras culturas. Os jovens, que geralmente falam árabe e francês, estão interessados principalmente em praticar inglês e espanhol com os visitantes.
Normalmente, a primeira visita ocorre na sexta-feira, o dia do cuscuz marroquino. Se você conquistar a simpatia da família, as chances de receber convites repetidos são grandes, assim como o prazer deles em recebê-lo e proporcionar o melhor. Isso inclui uma aula sobre como preparar o chá marroquino, uma breve introdução ao árabe com nomes dos pratos, e até mesmo oferecer uma cama para uma soneca após a refeição.
3.Cuscuz Marroquino
Este prato à base de sêmola de trigo é uma das atrações gastronômicas do país árabe. A receita envolve o cozimento do cuscuz no vapor do caldo de frango, vegetais e, às vezes, grão-de-bico. A panela usada para essa preparação é semelhante àquela usada para fazer cuscuz brasileiro, mas é maior, permitindo que ambas as misturas sejam feitas simultaneamente. Para completar, o cuscuz é servido em um grande tajine, com frango cozido e vegetais por cima, acompanhados por um tipo de leite cremoso.
Os marroquinos escolhem a sexta-feira para saborear este prato, já que é o dia da grande oração, um dia sagrado para eles. Em outros países árabes, como o Egito, por exemplo, este dia da semana é considerado um “dia de folga” devido à sua importância para os muçulmanos. No entanto, o Marrocos segue a tradição da oração, mantendo apenas o domingo como “dia de folga”, influência da colonização francesa.
4. Sem Talher, sem pratos
Embora em alguns restaurantes ofereçam pratos e talheres para comer tajine, cuscuz, refissa e outros pratos marroquinos, esta não é a forma tradicional de comer no país. Em casas e em alguns restaurantes locais, os marroquinos usam grandes travessas para servir a refeição principal, colocando-as no centro da mesa para que todos possam compartilhar. É comum comer com as mãos, preferencialmente a mão direita. O pão é utilizado para pegar a comida, evitando queimar os dedos se o prato estiver muito quente.
Ao contrário do que muitos possam pensar, não é desagradável, e com o tempo você percebe que o sabor da comida muda quando você come com as mãos em vez de garfo ou colher.
5. Café Marroquino
Não é incomum se surpreender ao entrar em uma cafeteria no Marrocos e encontrar predominantemente homens, tanto na clientela quanto no atendimento. Nos países árabes, é comum encontrar inúmeros cafés onde, geralmente, as mulheres não são frequentadoras assíduas.
Ao contrário de outros lugares, as cafeterias marroquinas têm o chá como sua especialidade, sendo a bebida preferida da população local. O chá é apreciado enquanto os clientes observam as pessoas passando pela rua ou durante animadas conversas entre amigos. Os cafés estão sempre cheios, independentemente da hora do dia.
6. Segurança no Marrocos
O Marrocos se destaca como um dos países mais seguros do continente africano. Aqueles que seguem fielmente os princípios do Alcorão priorizam o respeito próprio e ao próximo.
A família é valorizada e respeitada profundamente. Os filhos são educados para seguir a religião e buscar uma vida próspera, enquanto algumas famílias permitem que suas filhas decidam livremente sobre casamento e carreira no exterior.
Durante minha estadia, não testemunhei adoração extremista ou qualquer forma de idolatria nos locais que visitei.
7. Chamado à Oração
Os países árabes vivenciam o Islã de forma autêntica, seguindo os ensinamentos do Profeta Maomé. Para lembrar as pessoas das orações, alto-falantes estão instalados em diversos pontos das cidades marroquinas, emitindo cinco chamados diários. No entanto, as pessoas não são obrigadas a orar sempre que ouvem os alto-falantes; têm a liberdade de fazê-lo em qualquer lugar, não apenas nas mesquitas.
8. Liberdade de Vestimenta
As mulheres não são obrigadas a usar o hijab para cobrir os cabelos. A decisão de usar esse adereço é pessoal e frequentemente relacionada à religião, mas não é compulsória. Muitas mulheres muçulmanas optam por usar o hijab, um vestuário que preserva a modéstia, mas deixam os cabelos à vista, cobrindo-os apenas ao entrar nas mesquitas.
9. Pijamas Marroquinos
Os pijamas são peças de vestuário amplamente usadas pelas mulheres no Marrocos. Além de serem confortáveis para uma boa noite de sono, os pijamas têm um papel importante no dia a dia e são comuns no comércio local.
Mulheres de todas as idades optam por usar conjuntos de camiseta e calça larga, permanecendo assim durante todo o dia em suas casas. É comum vê-las visitando vizinhos e fazendo compras em mercados de pijama. Quando precisam sair para compromissos mais formais ou distantes de suas residências, elas simplesmente adicionam o hijab ao conjunto de algodão.
10. Comportamento em relação ao Vestuário
Assim como em outros países árabes, os homens não estão acostumados a ver mulheres com roupas justas, curtas ou que revelem braços e pernas, com exceção de locais muito turísticos, como Casablanca e Marrakech. Portanto, quando avistam uma mulher vestindo roupas que realçam suas curvas ou revelam mais do que o rosto, especialmente os mais jovens, tendem a olhar até que a pessoa esteja fora de vista e podem fazer comentários como “você é linda” ou “oh meu Deus”.
Isso não significa que todos os homens ajam dessa maneira; muitos preferem ignorar ou desviar o olhar.
Obs: É importante lembrar que essa foi a minha experiência pessoal, e a de outras pessoas pode ser completamente diferente, incluindo experiências de assédio mais agressivo ou a ausência de problemas relacionados ao tema.
Com conteúdo de worldpackers.com
Lucas Wanderlust tem um espírito aventureiro incansável, sempre em busca de novas experiências de viagem. Fascinado pelo mundo e pela possibilidade de explorar destinos desconhecidos, ele se apaixonou pela sensação de liberdade e autodescoberta que viajar sozinho proporciona. Com uma mochila nas costas e um coração aberto para o desconhecido, Lucas embarca em jornadas cheias de emoção, onde cada destino se torna um capítulo único em sua história de vida. Ele se entrega de corpo e alma à magia das viagens solitárias, inspirando outros a seguirem seus passos e a descobrirem a si mesmos através da aventura.